A validade dos seus óleos essenciais depende de alguns fatores como a composição química e também cuidados no uso e conservação.
No mercado brasileiro em geral os óleos essenciais têm validade de 2/3 anos, e confesso que como a maioria que já escutei comentar, eu imaginava que isso era uma determinação legal. Mas me deparei com a seguinte nota da Editora Laszlo no livro O Grande Manual da Aromaterapia, de Dominique Baudoux: "No Brasil, não há, na legislação vigente da ANVISA, um prazo de validade limite para óleos essenciais: quem comercializa o produto é que determina esse prazo. Contudo, como medida de cautela, a maioria das empresas utilizam prazos que variam entre 2 a 5 anos, pois se mal conservado, o óleo essencial pode ter seu tempo de vida reduzido devido à oxidação."
Essa é uma realidade, na prática duas questões impactam na validade de um óleo essencial, uma é a conservação e outra a composição química.
Vamos primeiro falar sobre a conservação dos seus óleos essenciais, os 3 vilões principais quando falamos de validade dos óleos e que aceleram o chamado processo oxidativo são: luz, calor e exposição ao ar (oxigênio). Então vamos as dicas:
Frascos e recipientes: Os frascos de venda dos óleos em geral são em vidro colorido (âmbar, verde ou azul), isso para preservá-los dos raios UV. O vidro também evita qualquer interação com o óleo, mas para quantidades maiores podem ser utilizados recipientes metálicos como alumínio ou tambores de aço, em geral laqueados por dentro.
Armazenamento: guarde seus vidros em local fresco, seco e ao abrigo da exposição solar ou calor prolongado. Dominique Baudoux, recomenda em seu livro que os óleos essenciais sejam armazenados em temperaturas entre 5° e 40°C. Sim eu também me surpreendi, mas confirmei graus Celsios.
Manuseio: quando for manusear os óleos, não esqueça de fazer assepsia tanto das mãos, superfícies e utensílios, a higienização é parte fundamental da prática. A melhor forma de assepsia é água e sabão e ainda é o álcool 70%.
Vedação: os frascos devem ser hermeticamente fechados, a regra é use e feche, simples assim. Isto porque além do oxigênio que pode interagir com as moléculas do seu óleo, lembre-se que ele é volátil, ou seja as moléculas mais leves irão evaporar com rapidez, fazendo com que ocorra a perda progressiva de princípios ativos, alterando então o equilíbrio da composição do óleo. Evite também trocar as tampas entre os óleos isso vai afetar o aroma dos mesmos, para evitar esse problema eu utilizo etiquetas redondas
Tamanho da embalagem: busque manter uma embalagem adequada ao seu conteúdo. Se você possui um vidro de 50ml mas ele contém apenas 10ml de óleo essencial, há mais espaço para o oxigênio se alojar dentro do vidro, preferencialmente passe para um vidro menor. E se você possui uma embalagem maior e usa constantemente, fracione ele, desta forma evita ficar expondo todo o conteúdo do frasco.
Conta-gotas: Evite retirar o conta-gotas de seu frasco ele ajuda a evitar a maior exposição ao oxigênio presente no ar.
E a química o que tem haver com isso, tudo!
Monoterpenos que são moléculas menores, evaporam mais rapidamente e possuem uma estrutura menos resistente, reduzindo a vida útil do óleo essencial, podemos citar em especial limoneno e pineno. Já os óleos ricos em sesquiterpenos tem mais estabilidade e uma vida útil bem maior.
Mas quando olhamos a literatura isso dá um nó na cabeça, vejamos:
Baudoux diz que "Se puros e não diluídos, podem obter a validade máxima autorizada, que é de 5 anos, embora as essências (sim, os franceses chamam de essências os óleos obtidos por prensagem) cítricas se conservem por bem menos tempo que os óleos essenciais e devam ser utilizadas em até 3 anos. Mas saiba que um óleo de 10 anos ainda pode ser usado."
Agora no outro extremo temos Sue Clarke, diz que "... o ideal dos óleos cítricos é que eles sejam usados no prazo de seis meses após a compra: porém, se forem armazenados e manuseados com cuidado, esse prazo pode ser estendido por até um ano. A maior parte dos outros óleos deve ser usada no prazo de um ano da compra ou da abertura do frasco, sendo que o prazo pode ser estendido para dois anos, se os óleos forem manuseados com cuidado e armazenados num refrigerador. Esses efeitos podem ser explicados pelo fato de que a taxa de deterioração dobra para cada 10oC de aumento de temperatura."
Talvez por isso vemos no mercado brasileiro, em geral uma regra mediana:
1 a 2 anos para óleos cítricos, coníferas (pinheiros, abetos e tea tree), capim limão e olíbano.
3 anos para a grande maioria dos óleos
4 a 8 anos para os óleos ricos em sesquiterpenos como sândalo, vetiver, mirra, patchouli. Mas já vi e provei óleos com 25 anos, que estavam excelentes... ponto para Baudoux que diz "Pense num vinho que requer um pouco mais de tempo para completar a sutil química iniciada pela Natureza..."
As vezes muito mais importante que a validade contida na etiqueta são as dicas acima, e mais a partir do momento em que você compra e abre para sentir o aroma, e ele teve contato com oxigênio, aí que as coisas podem mudar lentamente, pois a partir daí é que ele começa a se degradar. Vou falar sobre esse processo no próximo post.
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Janaina Sauer Rosa
Aromaterapeuta certificada pela Abraroma P245-C004
Terapeuta Holística - Sinaten CTN/SP 02391
Fontes:
Baudoux, Dominique. O Grande Manual da Aromaterapia, Editora Laszlo, 2018
Clarke, Sue. Química essencial para aromaterapia. Editora Laszlo. 2020.
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